domingo, 12 de junho de 2011


A história começa em 1991, ano em que nasce um menino de olhos castanhos e - 11 meses depois, no interior do estado - uma menina de pele e olhos claros. Mais de 16 anos depois, o encontro.
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Ele e sua rinite moravam na capital. Ele era um apaixonado por dias com muito sol, festas, cinema, amigos. Teve apenas um namoro sério - quando era adolescente -, aqueles de levar a pessoa em casa e apresentar para a família, almoçar aos sábados e conviver com os pais. Gostou de algumas pessoas, mas nunca se envolveu com ninguém em níveis mais profundos. Talvez porque as pessoas logo ficassem desinteressantes, talvez porque ele bloqueasse o próprio interesse. O certo é que ele não queria saber o motivo; tudo muda um dia, alguém disse. Um dia ele começou a ficar cansado de beijar muitas bocas, interagir com muitos corpos e não possuir nada, nada, nada além disso. Uma ou muitas noites, uma ou muitas mulheres, nenhum coração com a mão esticada, presa, grudada.
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Ela e seu problema de garganta passava as férias todos os anos na capital com a família. Viveram no colinho de mamãe e bem, obrigada. Ela era apaixonada por versos, letras, frases, Caio Fernando Abreu, tintas, cachorros, frio, dias com muito sol, livros, chocolate, cinema, amigos, gente esquisita. Nunca teve aquele tipo de relacionamento considerado de verdade, aqueles de levar a pessoa em casa e apresentar para a família, almoçar aos sábados e conviver com os pais. Quando era adolescente gostava a cada hora de um moçoilo, se apegava e desapegava com uma facilidade tremenda. Até gostou de algumas pessoas, mas nunca se envolveu com ninguém em níveis mais profundos. Talvez porque, por pura proteção, se envolvesse sempre com o mesmo tipo de homem: complicado. Comprometidos, psicopatas, com oito filhos, cheios de cacoetes, com risadas de hiena manca, enrolados, divorciados, cafajestes em último grau, cafajestes em tratamento, cafajestes na condicional, cafajestes no corredor da morte, cafajestes sem solução, isso sem contar os preciso-de-uma-mãe-pra-tomar-conta-de-mim, os por-favor-vamos-fazer-terapia-todos-os-dias-sou-um-maluco-carente-cheio-de-problemas e os só-tô-sorrindo-pra-você-porque-quero-te-comer-gatinha. Um dia ela começou a ficar cansada de gostar de forma errada, de gostarem dela de uma forma não desejada. Então ela desistiu, pelo menos até aquela quarta à noite.
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Há quem chame de coincidência, acaso, destino; há quem diga que certas coisas estão escritas, que o que tem que acontecer, querendo ou não, acontece. Prefiro dizer que, não importa se foi um motivo de força maior, superior, divina, se foi uma mãozinha de Deus, Buda, Alá meu bom Alá ou um empurrão das estrelas, cometas, alienígenas, gnomos, fadas, anjos, o que importa é que o encontro aconteceu. Não um encontro de olhos, mãos, bocas, braços, mas um encontro de corações cansados. De procurar sem achar, de achar só o que era descartavelmente vulgar.
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Existia também o medo. Medo de se jogar de precipícios, o amor é renúncia. É preciso dar um tchau para a vida antiga, reciclar emoções, quem sabe rasgar velhos padrões de comportamento e pensamento. Medo de ser bom, pois somos burros, temos medo de fazer dar certo, de riscar a palavra sofrimento, desencantamento, desilusão do nosso dicionário sentimental. Medo de não ser quem o outro quer que sejamos, pois o mundo, meu amigo, é feito de máscaras, imagens, maquiagens, escovas, chapinhas e sou-bonita-assim-quando-acordo-que-nem-as-atrizes-da-novela-da-Globo. Medo de amar, pois o amor é uma incógnita, é preciso que ele entre e se instale para que você realmente perceba e sinta a presença dele. Medo de que tudo não passe de uma grande mentira, pois o mundo hoje em dia é repleto de gente enganadora, cínica e sem vergonha na alma.
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A menina de pele branca se transformou em uma mulher com cara de menina, que teve todos os seus medos arremessados pela janela pelo menino de olhos castanhos , que se transformou em um homem de cílios compridos e olhar cheio de sorrisos e pureza. Uma pureza de criança, uma sinceridade que ultrapassa a barreira da mesmice e do tenho-medo-de-dizer.
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Faz algumas horas que meus olhos se encheram de lágrimas, não aquela lágrima amarga, mas uma lágrima diferente, quente, feliz. Meu nariz ficou vermelho e, você sabe, chorei na quietude solitária, porém adocicada pelo calor que o que nós temos provoca lá dentro do coração. Não aquele calor passageiro, mas o calor que é silenciosamente acolhedor. Já que a data permite a pieguice excessiva, farei bom uso dela: há exatos quinhentos e setenta e cinco dias eu tive a sorte de te encontrar - e, de alguma forma, me parabenizo por isso. Se o medo tivesse sido mais forte do que eu talvez nós não estivéssemos aqui, agora, juntos, unidos, felizes, achados, encontrados e perdidos no meio de um sentimento que, até então, eu desconhecia. E, que bom, eu fui valente. E, que bom, a tua valentia deu um chega pra lá nos pseudoreceios que foram surgindo e desaparecendo pelo meio do caminho. E, que bom, te amar faz com que você se ame mais. E, que bom, o teu amor faz com que eu me ame mais. Há quem diga que no-começo-é-tudo-lindo-assim, mas isso não importa: quem sabe da gente é a gente. E eu duvido que algum dia deixe de ser lindo, pois a nossa criatividade ultrapassa a barreira da beleza do início - seja lá o que isso queira dizer, ainda assim, eu digo que duvido.
Feliz dia dos namorados!

11 comentários:

Gabriela Freitas disse...

liiindo demais este amor ai dentro! feliz dia dos namorados

Martinha disse...

Feliz dia dos namorados e muitas felicidades para vocês! :D

'Francielly Lopes disse...

Aiin lindo , como tudo aqui'! *-* Feliiz dia dos namoradoos.'!

Anônimo disse...

A que lindo, adoro saber sobre como acontece o encontro das pessoas, seria muito bom se tivesse escrito como aconteceu, eu em particular acho que me encantaria mais pelo seu texto. Amei de verdade parabéns.

Mayara Isis disse...

Quee lindo" Como é bom saber que amores assim realmente existem *--*
Feliz dia dos namorados!

Mundo da Sophia disse...

E eu nem sabia que existia romance assim na vida real. É tão lindo e tão apaixonante.

Beijos

Luna Sanchez disse...

Me identifiquei com o gosto pelo frio e por gente esquisita...rs

Beijo.

Bianka disse...

Não queria parar de ler suas palavras. tããão liindas!! *-* todo amor do mundo

Herick disse...

eu sou o kra mais sortudo do mundo e com certeza Deus deve me amar demais, por ter colocado essa mulher maravilhosa na mha vida...

TE AMO DEMAIS bebe Feliz Dia dos Namorados(L)

Lara Mello disse...

Muito bom o texto!! Arrasou! :)

Caroline disse...

Que texto magnifico, juro, eu amei, MUITO.